quarta-feira, 18 de abril de 2012

QUANDO VALE APENA



Quando conhecemos alguém que vale apena, é realmente maravilhoso sentirmos brotar dentro de si um calor que inunda sobre seu corpo, mente e coração, a chamada “pré-paixão”, algo parecido como pequenas brasas que gradativamente aumentam dando vazão a uma chama incandescente chamada paixão.

O processo de se apaixonar pode ser lento ou, pode até mesmo, acontecer em questão de poucos momentos, acredito que a paixão não dependa somente de nós, mas também de quem a inspira, de quem a faz nascer, que maior fonte de inspiração poderia se ter ao encontrar tamanho brilho e valor em uma pessoa, do tipo como em poucas, uma preciosidade que não se encontra em qualquer lugar, um verdadeiro e raro diamante.

Então se apaixonar não se torna algo complicado, pelo contrário, difícil seria não se apaixonar por esse diamante.

Então, surgem as mais variadas fases da paixão, doces sonhos, loucos desejos, devaneios em plena luz do dia, dormir e acordar pensando nela...

Até aqui, tudo vale apena, cada sorriso dela, olhar, toque, canção... tudo levará a crer que vale apena oferecer seu coração tão embevecido de amor e carinho para dar.

Mas o que fazer quando vier a realidade, triste e sarcástica realidade ao lhe mostrar que esse diamante não foi lapidado para você, mas sim para outra pessoa?

Bom, não é nenhum mito a existência da paixão não correspondida, e dela também seu processo, doloroso e lento, se se apaixonar depende do coração, esquecer essa paixão não é departamento desse mesmo órgão... Ah! são tantos os sintomas desagradáveis, mas que fique claro! Quem os causou não foi a fonte da paixão, mas sim por quem se apaixonou pelo diamante alheio.

Todos nós conhecemos a história, tal qual um filme dramático em que esperávamos por um final feliz, mas o enredo acabou se tornando muito mais sofrível ao se ter conhecimento que a afortunada dona deste diamante não o tratava com o devido valor, pior... não o reconhecia.

Mas como isso seria possível? Qual pessoa não daria valor a uma preciosidade? E que diamante seria esse que se coloca numa situação como essa? Pois entendam que nenhum diamante lapidado numa forma humana teria como ser perfeito, então ela trazia consigo, inúmeras rachaduras passadas que infelizmente começavam a ofuscar seu belo brilho...

Entendam também que na minha condição, seria suspeita para falar qualquer coisa sobre esse diamante e sua dona... mas lebrem-se “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"( A. S. Exupéry). Diante dessa responsabilidade é sua obrigação dar o devido valor!

Mas e quanto ao diamante? sabe do seu valor? Desacreditou-se de si? Minha amiga Clarice talvez possa nos esclarecer melhor...

“Mas era como uma pessoa que, tendo nascido cega e não tendo ninguém a seu lado que tivesse tido visão, essa pessoa não pudesse sequer formular uma pergunta sobre a visão: ela não saberia que existia ver. Mas, como na verdade existia a visão, mesmo que essa pessoa em si mesma não a soubesse e nem tivesse ouvido falar, essa pessoa estaria parada, inquieta, atenta, sem saber perguntar sobre o que não sabia que existe - ela sentiria falta do que deveria ser seu.”


(Clarice Lispector)

Visão... somente um verdadeiro visionário para demonstrar o que é ser amado por inteiro... eu? visionária? Desejo muito ser um dia.

“Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.”

(Clarice Lispector)

Agora outra perguntar que não quer calar, por que se apaixonar por um diamante alheio? Por que eu me arrisco, vivo me arriscando, me arrisquei por esse diamante, pois eu sabia como reconhecer seu devido valor.

“Só o que está morto não muda! Repito por pura alegria de viver: A salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!!!"

(Clarice Lispector)

Entretanto tive de aceitar tristemente o fato de que maior era seu brilho nas mãos de sua atual dona do que em quaisquer outras mãos....

Essa foi minha história...

Agora depois de tudo, sei que o momento é de me resguardar, preciso buscar a mesma fonte que outrora fiz uso, de outros amores não correspondidos, para me fortalecer e me restabelecer, chamado amor próprio, hoje entendo que ela não precisa de um outro coração para se preocupar, mas sim de uma fiel amiga para ajudá-la a manter seu brilho.

Termino aqui essa minha história colocando um poema que ironicamente achei que poderia ajudá-la eu seu momento difícil, que hoje se tornou o meu.

"Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer"

(Clarice Lispector)

Bom... quanto a mim sei que por um tempo “metade de mim será partida mas outra metade será saudade” (Oswaldo Montenegro) Valeu apena? Eu digo, valeu! Mesmo que, ter seu coração aquecido apenas por um breve momento no calar da noite fria, sempre vale apena.

E quanto ao que carrego no coração? “Para onde vou? A resposta é: vou.” (Clarice Lispector)




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